Com o crescente sucesso do CPI resolvemos trazer ao blogue entrevistas quinzenais em vez de mensais.
Hoje é a vez da Susana Fernandes de 27
anos de idade, solteira, emigrada há 4 anos, primeiro em Inglaterra, depois em Malta e agora de regresso à Inglaterra.
Tendo
acabado o curso de Sociologia em Setembro de 2007, rapidamente me
apercebi que teria muitas dificuldades em trabalhar na minha área de
formação. Como era impossível estar parada, trabalhei numa loja de
um Centro Comercial por quase 2 anos e decidi que era tempo de ir
á procura de melhores oportunidades. A situação económica em
Portugal já não se encontrava muito bem e o facto de perceber que
tinha muito mais para oferecer do que ficar atrás de um balcão
foram factores condicionantes para a minha emigração.
Porquê a escolha de Inglaterra e posteriormente Malta?
O primeiro país
escolhido foi Inglaterra, pela conveniência de ficar perto de
Portugal e por ter a ajuda familiar que foi tão preciosa nesse
momento. Fui acolhida por uma prima e o seu namorado com quem fiquei
por 2 meses. Após este curto período, tive a oportunidade de ir
para Malta depois de ter sido aceite para um emprego o qual nem
sequer me tinha candidatado (a agência de recrutamento encontrou o
meu CV online). Agora estou de volta a Inglaterra por razões profissionais.
Como
foi o teu princípio?
Como disse
anteriormente, em Inglaterra tive a ajuda da minha prima e do seu
namorado que me ajudaram com alojamento e, mais importante, com apoio
moral. Desde a actualização do meu CV, até à procura de emprego,
ambos ajudaram-me com tudo.
A situação em Malta
foi diferente: como fui contratada enquanto estava em Inglaterra, a
empresa ofereceu-me um pacote de realojamento com viagem incluída,
casa por 1 mês e o emprego já estava garantido. Apesar de não ter
nenhum membro da família ou amigos na ilha, foi uma mudança
relativamente fácil.
Qual foi o
sentimento dos primeiros dias / meses?
Foi de descoberta na
realidade. Tanto de um país, como de outro. Se em Inglaterra tinha
bem em mente o que queria fazer, a experiência de partida para Malta
foi mais uma aventura sem saber ao certo aquilo que me esperava mas
que foi mais gratificante visto que, até ao dia de hoje, pertenço à
mesma empresa.
Que aspectos
positivos/ negativos recordas aquando da mudança?
Positivos, foi sem
dúvida ter contado com a ajuda da família. O facto de ter um mundo
de oportunidades à minha frente também facilitou o processo de
mudança. Negativos foi sem dúvida as saudades da família e amigos.
O
que aqui conquistaste corresponde às expectativas que trazias? Em
que sentido?
O meu objectivo inicial
era arranjar trabalho na minha área mas, com o percurso que tive até
agora, posso dizer que estou satisfeita com o que alcancei e sei que
tenho muito ainda para mostrar ao mundo profissional. Em geral, posso
dizer que as minhas expectativas de conseguir uma vida melhor e de
acordo com as minhas capacidades, têm sido cumpridas.
Avalia de 0 a 10
(sendo 10 a nota máxima positiva) a tua experiência de forma geral.
Daria um 9. Não passei
por grandes dificuldades na minha transição de um país para outro
desde a primeira vez. Tive sorte em arranjar um emprego bom, em ter
ajuda de familiares, portanto acho que foi tudo um processo
relativamente fácil. Contudo, o facto de estar longe da família,
não me deixa dar a nota máxima à experiência.
De que mais sentes
falta?
Sem dúvida da família
e dos amigos. De não poder acompanhar de perto o crescimento dos
meus sobrinhos. Sinto falta de Lisboa, que é uma cidade fantástica.
Em Malta sentia muita falta da comida, mas aqui em Inglaterra até
que não posso reclamar muito, uma vez que restaurantes portugueses
não faltam por aqui.
De que forma matas
a saudade de Portugal?
As contas telefónicas
são altíssimas! Aliás, já foram mais... graças ao Skype,
telefone, mensagens, whatsapp, viagens, fica sempre mais fácil ficar
mais perto de Portugal ou da família. Mas tento ir pelo menos uma
vez por ano.
Achas-te, como
emigrante, responsável pela divulgação da cultura portuguesa?
Não necessariamente.
Como tenho muito contacto com a língua portuguesa na minha profissão
e tenho de estar a par do que se passa no país, é mais uma tarefa
pessoal do que propriamente de divulgação da cultura. Geralmente,
entre amigos, é inevitável contar particularidades da cultura
portuguesa, mas não o faço com o intuito de a divulgar.
Recordando os
primeiros tempos de emigrante, recordas algum episódio engraçado que
queiras partilhar?
O facto de ter chegado
a Malta num dos dias mais quentes do ano (estavam 42 graus às 2h e
qualquer coisa da manhã) a usar o meu casaco de pele, pois vinha de
Inglaterra. Nunca me irei esquecer da minha figura!
Farias tudo de
novo ou o que mudarias?
Faria tudo de novo. Foi
e tem sido uma experiência incrível e foi sem dúvida a melhor
decisão.
Voltarias a viver
em Portugal?
De momento e tendo em
consideração a conjuntura actual, não faz parte dos meus planos.
Mas não é uma hipótese totalmente excluída.
Onde e como te vês
daqui a uns 15 ou 20 anos?
Provavelmente casada,
com filhos, estável a nível profissional e não a viver em
Portugal.
O que
recomendarias a alguém que quizesse emigrar?
Que
se informem bem sobre o destino escolhido e que mantenham a mente
aberta sobre as oportunidades que possam aparecer. Tentem integrar-se
o mais rápido possível no contexto social do destino escolhido, mas
não se esqueçam do objectivo inicial que levou à emigração.
Obrigada pela partilha Susana! Desejos de muito sucesso!
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