quinta-feira, 17 de setembro de 2015

A relação avós e netos nas famílias emigradas


Se era rotina ver os avós que moravam a alguns minutos de casa e que tanto apreciavam as brincadeiras e gargalhadas das netas, quando se emigra a vida toma outra proporção. A verdade é que, quando emigramos não temos a verdadeira noção do quanto a presença diária dos avós pode ser importante e útil. 
Os avós passam a ser pessoas menos presentes e com os quais se partilha algumas horas do dia, da semana ou do mês para quem tem sorte e saber em usar as novas tecnologias. Não há como evitar, as relações entre avós e netos mudem e por muito que os avós não sintam da mesma maneira os netos com certeza vão sentindo menos a falta e quem acaba por notar mais a ausência dos avós/seus pais são mesmo os pais das crianças, não só por falta de opções no que diz respeito a coisas práticas como onde deixar os miúdos quando se trabalha, ou quem os pode ir buscar à escola quando se atrasam, mas também no que diz respeito a gerir a saudade crescente dos avós com o crescente desinteresse dos netos.
É talvez difícil para os avós conseguirem entender e mesmo aceitar mas é inevitável que aconteça. As crianças vão crescendo e, mesmo sem quererem, os laços familiares vão se distanciando e muitas vezes perdendo. Os avós passam a ser pessoas que não participam da vida da criança e esta tende a esquecer os poucos momentos que tem oportunidade de passar com eles. Das suas vidas fazem parte outras pessoas com quem convivem diáriamente e que melhor conhecem as suas necessidades e rotinas. 

Por sua vez, os avós, sedentos pelos netos, procuram algum apoio, carinho e atenção nos breves minutos que as tecnologias e o tempo disponível dos pais permitem. Tantas vezes vivem à espera do dia de os ver, mesmo que à distância, criam expectativas elevadas e ganham tantas vezes apenas um "olá" e um "adeus". Sentem-se muitas vezes incompreendidos e também eles têm dificuldade em pôr-se no lugar da família que emigrou e tentar compreender que também para a família toda esta mudança não é pacifica.
Vai cabendo assim aos pais a difícil, e tantas vezes (quase) impossivel, tarefa de tentar manter algum tipo de ligação entre estas duas gerações a par com tudo o resto: educar, aturar humores da adolescencia, saber lidar com as carências do seus pais (os avós), ajustar a agenda e todos os afazeres com os minutos diários ou semanais de skype, trabalhar, ter tempo para eles próprios, etc, etc, etc...

Isto de ser emigrante tem os seus prós e contras, como tudo na vida, se se ganha em certas coisas, perde-se noutras. A separação que a emigração tem proporcionado às famílias, e agora falo também entre marido e mulher, pais e filhos, avós e netos, primos... é sem dúvida uma parte muito negativa de uma necessidade (a de emigrar) cada vez mais proiminente nas famílias (especialmente) portuguesas.