sexta-feira, 21 de junho de 2013

Da Creche para a "Nursery"


Quando cheguei ao Reino Unido, o meu filho, na altura com 2 anos e três meses, tinha deixado o jardim-de-infância em Portugal onde tinha andado desde os seus seis meses e com o qual estava familiarizado com o ambiente, os amigos e as pessoas que lá trabalhavam, pelo que ficou comigo em casa durante três semanas para se ambientar à grande mudança. No entanto naõ demorou muito e eu comecei à procura de um sítio similar onde o pudesse deixar por umas horas para ver a sua adaptação às novidades e o mais difícil, a uma língua completamente estranha para ele.

Bem perto do sítio onde morava existia um infantário, aqui chamado de Nursery, onde aceitavam crianças com apenas alguns meses de vida e até aos 5 anos. Fui então saber se haveria uma vaga para o meu filho e perguntei quais eram as condições, preços e como procediam quando a criança não falava nada de inglês. O meu filho já falava muita em português, com dois anos de idade ele tinha um vocabulário bastante extenso, mas de inglês ele não sabia uma palavra. Aqui as nurseries são os olhos da cara mas mesmo assim avancei com a ideia de o integrar numa porque sabia ser a forma mais fácil e rápida de contactar com a lingua e uma nova cultura. Ligaram-me no dia seguinte com a notícia de que tinham uma vaga e que o meu filho podia começar na semana seguinte. 
Quando fui conhecer a nursery, desta vez já com o piolho, no hall de entrada vi que existiam fotos das funcionárias, respectivos cargos e seus nomes e fiquei surpresa ao deparar-me com um nome completamente “tuga” claro que fiquei logo curiosa. Perguntei então à gerente se por acaso a pessoa que estava naquela foto era de nacionalidade Portuguesa, ao que ela respondeu afirmativamente, foi como se tivesse ganho o jackpot no Euromilhões. O meu filho ia andar numa creche onde trabalhava uma portuguesa? Era a cereja no topo do bolo, pensei eu.
Nesse mesmo dia, após a visita guiada, o meu filho pôde brincar um pouco e pareceu-me ter gostado do ambiente que o rodeava. O sítio era muito acolhedor, com muitos brinquedos, várias salas e um grande jardim atrás onde as crianças podiam brincar ao ar livre. Gostei do que vi e fiquei bem mais tranquila, sabendo que teria uma portuguesa a olhar por ele.
As primeiras três semanas de adaptação foram terríveis para o meu filho, chorava sempre que o deixava. Teve de voltar a usar fraldas por não o perceberem quando ele pedia para fazer as necessidade. Ele regrediu e eu fiquei preocupada por ele ter esquecido tudo o que lhe tinha ensinado.
Semana após semana, o piolho foi ficando mais confiante! Já não chorava todos os dias quando o deixava e já articulava umas palavrinhas em inglês. Meses mais tarde começou a afeiçoar-se a uma das educadoras o que facilitou.
Foi duro mas foi um grande arranque para reajustá-lo à nova vida, ao novo mundo.
As crianças têm o dom de se adaptarem facilmente às mudanças e o meu não foi excepção à regra. Hoje, com quase 5 anos está na escola e posso afirmar que é uma criança alegre e muito bem disposta, completamente integrada e com um inglês de me fazer inveja…

Background photo by | Foto de fundo de: Varpunen mainio