quinta-feira, 27 de junho de 2013

Entrevista com...

Com o crescente sucesso do CPI resolvemos trazer ao blogue entrevistas quinzenais em vez de mensais. 
Hoje é a vez da Susana Fernandes de 27 anos de idade, solteira, emigrada há 4 anos, primeiro em Inglaterra, depois em Malta e agora de regresso à Inglaterra.


O que te motivou a emigrar?
Tendo acabado o curso de Sociologia em Setembro de 2007, rapidamente me apercebi que teria muitas dificuldades em trabalhar na minha área de formação. Como era impossível estar parada, trabalhei numa loja de um Centro Comercial por quase 2 anos e decidi que era tempo de ir á procura de melhores oportunidades. A situação económica em Portugal já não se encontrava muito bem e o facto de perceber que tinha muito mais para oferecer do que ficar atrás de um balcão foram factores condicionantes para a minha emigração.

Porquê a escolha de Inglaterra e posteriormente Malta? 
O primeiro país escolhido foi Inglaterra, pela conveniência de ficar perto de Portugal e por ter a ajuda familiar que foi tão preciosa nesse momento. Fui acolhida por uma prima e o seu namorado com quem fiquei por 2 meses. Após este curto período, tive a oportunidade de ir para Malta depois de ter sido aceite para um emprego o qual nem sequer me tinha candidatado (a agência de recrutamento encontrou o meu CV online). Agora estou de volta a Inglaterra por razões profissionais.

Como foi o teu princípio? 
Como disse anteriormente, em Inglaterra tive a ajuda da minha prima e do seu namorado que me ajudaram com alojamento e, mais importante, com apoio moral. Desde a actualização do meu CV, até à procura de emprego, ambos ajudaram-me com tudo.
A situação em Malta foi diferente: como fui contratada enquanto estava em Inglaterra, a empresa ofereceu-me um pacote de realojamento com viagem incluída, casa por 1 mês e o emprego já estava garantido. Apesar de não ter nenhum membro da família ou amigos na ilha, foi uma mudança relativamente fácil.

Qual foi o sentimento dos primeiros dias / meses?
Foi de descoberta na realidade. Tanto de um país, como de outro. Se em Inglaterra tinha bem em mente o que queria fazer, a experiência de partida para Malta foi mais uma aventura sem saber ao certo aquilo que me esperava mas que foi mais gratificante visto que, até ao dia de hoje, pertenço à mesma empresa.

Que aspectos positivos/ negativos recordas aquando da mudança?
Positivos, foi sem dúvida ter contado com a ajuda da família. O facto de ter um mundo de oportunidades à minha frente também facilitou o processo de mudança. Negativos foi sem dúvida as saudades da família e amigos.

O que aqui conquistaste corresponde às expectativas que trazias? Em que sentido?
O meu objectivo inicial era arranjar trabalho na minha área mas, com o percurso que tive até agora, posso dizer que estou satisfeita com o que alcancei e sei que tenho muito ainda para mostrar ao mundo profissional. Em geral, posso dizer que as minhas expectativas de conseguir uma vida melhor e de acordo com as minhas capacidades, têm sido cumpridas.

Avalia de 0 a 10 (sendo 10 a nota máxima positiva) a tua experiência de forma geral.
Daria um 9. Não passei por grandes dificuldades na minha transição de um país para outro desde a primeira vez. Tive sorte em arranjar um emprego bom, em ter ajuda de familiares, portanto acho que foi tudo um processo relativamente fácil. Contudo, o facto de estar longe da família, não me deixa dar a nota máxima à experiência.

De que mais sentes falta?
Sem dúvida da família e dos amigos. De não poder acompanhar de perto o crescimento dos meus sobrinhos. Sinto falta de Lisboa, que é uma cidade fantástica. Em Malta sentia muita falta da comida, mas aqui em Inglaterra até que não posso reclamar muito, uma vez que restaurantes portugueses não faltam por aqui.

De que forma matas a saudade de Portugal?
As contas telefónicas são altíssimas! Aliás, já foram mais... graças ao Skype, telefone, mensagens, whatsapp, viagens, fica sempre mais fácil ficar mais perto de Portugal ou da família. Mas tento ir pelo menos uma vez por ano.

Achas-te, como emigrante, responsável pela divulgação da cultura portuguesa?
Não necessariamente. Como tenho muito contacto com a língua portuguesa na minha profissão e tenho de estar a par do que se passa no país, é mais uma tarefa pessoal do que propriamente de divulgação da cultura. Geralmente, entre amigos, é inevitável contar particularidades da cultura portuguesa, mas não o faço com o intuito de a divulgar.

Recordando os primeiros tempos de emigrante, recordas algum episódio engraçado que queiras partilhar?
O facto de ter chegado a Malta num dos dias mais quentes do ano (estavam 42 graus às 2h e qualquer coisa da manhã) a usar o meu casaco de pele, pois vinha de Inglaterra. Nunca me irei esquecer da minha figura!

Farias tudo de novo ou o que mudarias?
Faria tudo de novo. Foi e tem sido uma experiência incrível e foi sem dúvida a melhor decisão.


Voltarias a viver em Portugal?

De momento e tendo em consideração a conjuntura actual, não faz parte dos meus planos. Mas não é uma hipótese totalmente excluída.


Onde e como te vês daqui a uns 15 ou 20 anos?

Provavelmente casada, com filhos, estável a nível profissional e não a viver em Portugal.


O que recomendarias a alguém que quizesse emigrar?

Que se informem bem sobre o destino escolhido e que mantenham a mente aberta sobre as oportunidades que possam aparecer. Tentem integrar-se o mais rápido possível no contexto social do destino escolhido, mas não se esqueçam do objectivo inicial que levou à emigração.

Obrigada pela partilha Susana! Desejos de muito sucesso!
Codigo Postal Internacional - BLOG