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quinta-feira, 17 de dezembro de 2015

O Natal [também] emigrou.


Esta é uma quadra da saudade para quem está emigrado ou tem familiares e/ou amigos a viver no estrangeiro. Nem sempre é possível voltar a "casa" nesta altura do ano. Muitos de nós já esgotaram todos os dias de férias, o ano está a acabar, o tempo é inconstante e viajar com frio, chuva e neve nem sempre é a melhor ideia. Os voos estão pela hora da morta e são imensas as vezes que são cancelados ou atrasam. Muitos de nós optam assim, por aproveitar esta época para ficar no país de acolhimento e descansarem da loucura constante dos dias. Eu assim o farei. Porém, por muito que se tente parar e descansar, há sempre muitos jantares combinados, muitas festas e convivios e claro está a azáfama das compras. Temos sempre esta ideia de que vai ser um Natal tranquilo, talvez solitário, no conforto do sofá mas, no fim, muitas vezes, tem muito pouco disto tudo.

Num país como a Inglaterra, onde há tanta emigração, a ceia e o almoço de Natal são estendidos aos amigos, nesta empatia que todos conhecemos de uma época que em tempos foi familiar e que muitas vezes nos aperta o coração de saudade e solidão, ninguém quer ver ninguém passar o Natal sózinho, num quarto humido e escuro, numa casa deserta, de um bairro numa cidade parada, porque Londres [Inglaterra] de facto pára no Natal. Assim, não se juntam as famílias mas juntam-se os amigos, que tantas vezes são a familia que vamos tendo aqui.

O meu Natal também vai ser assim. Entre as horas de descanso que nos impusemos na noite de Natal e a agitada presença daqueles amigos que nos aquecem a alma durante todo o ano. E na falta da família, que apenas vai marcando presença graças às novas tecnologias, come-se e bebe-se, bem acompanhados, como manda a tradição. E com novas memórias vamos mudando o que, em tempos, foi tradicional no Natal português, aquele que a minha infância conheceu mas que a infância das minhas filhas não vai conseguir imaginar... "um Natal sem os amigos? Isso faz algum sentido?" - vão dizer - "...na altura fazia todo o sentido..." - direi eu.

Background photo | Foto de fundo: Amy Kim

quarta-feira, 9 de dezembro de 2015

Prenda de Natal para o amigo que vai emigrar

São poucos os que não têm um amigo ou familiar que emigrou ou está de malas feitas para o fazer. Hoje trazemos ideias para a prenda de Natal que ele nunca mais esquecerá. Para matar as saudades ou para se preparar para a nova aventura que se avizinha por terras de sua Majestada, aqui vos deixo 9 ideias para uma prenda perfeita.


  1. Um bom casaco com um bom capuz para o frio e para a chuva é a peça de vestuário fundamental a quem vive ou vem viver para o Reino Unido, mais do que um guarda-chuva, cachecol ou luvas. Um casaco que possua um bom capuz, seja quente, impermeável e se possível com uma gola subida quando apertado, será o essecial para quem chega a terras britânicas em tempo de Inverno. É a forma mais prática e eficaz de andar na rua ou nos transportes públicos sem levar um monte de tralha atrás. - Este da Zara adapta-se na perfeição às exigências.
  2. E porque a palavra "saudade" vai andar amarrada ao coração, torna-se impossível fugir-lhe. Escolhi esta agenda cheia de palavras com alma e cunho dos nossos melhores escritores. A ferramenta certa na contagem decrescente para as tão desejadas férias a Portugal.
  3. As clássicas galochas cada vez mais na moda e tão úteis neste país. Estas são das melhores e das mais conhecidas por estas bandas, um icon de uma nação que se veste todos os dias para a chuva. A melhor companhia para o casaco acima.
  4. Trouxe dois comigo na bagagem na última ida a Portugal. O último CD da Mariza é uma prenda que recomendo vivamente a quem sente o fado com alma.
  5. E porque aqui é mesmo a terra do chá, uma caneca com uma mensagem motivadora faz todo o sentido.
  6. Um "kit de sobrevivência", da "A Vida Portuguesa", para os dias mais frios e solitários. Matar saudades da cultura e da nossa história e relembrar a pessoa fantástica que ofereceu um dos melhores presentes de Natal!
  7. Na falta da sardinha fresca e dos santos populares, esta conserva vai saber a caviar quando a saudade apertar. Uma prenda da "Portugal Heart", escolhida com o coração.
  8. Se há algo que me deixa mais saudade na hora de dizer adeus, é o nosso mar a poente a refrescar as nossas belas praias de areia fina. Uma imagem que vale a pena ter sempre presente nas paredes da nossa casa. A minha escolha recai para esta praia extraída da lente da fotografa Ingrid Beddoes, uma inglesa a viver em Portugal.
  9. Na cidade cosmopolita que é Londres, sentar para beber café ou chá é um luxo que nem todos têm. A combinação de um café take away com o mapa do metro parece-me perfeita para quem está de chegada à capital inglesa.
Compras feitas... feliz Natal!

quarta-feira, 16 de setembro de 2015

Insta #001


Uma semana de instagram e o que vamos partilhando por lá:
A preparação do primeiro post após férias | o céu ao contrário | os passeios dos Domingos de sol | reflexos num dia de compras |o céu azul de Inglaterra |  | um parque a visitar


quinta-feira, 4 de junho de 2015

Comprar carro em Inglaterra [ parte 2 ]


Já escrevi sobre este assunto aqui , fez terça-feira 2 anos, falei da minha primeira experiência na aquisição do meu primeiro carro inglês. No início deste ano mudei de carro. O nosso Ford Focus já tinha quase 15 anos e precisava de uma valente manutenção. Decidimo-nos então por comprar um "novo". Não tinhamos porém dinheiro suficiente para comprar um carro dentro das nossas exigências familiares. Queriamos um modelo que desse para colocar um carrinho de bebé na bagageira e sobrasse algum espaço para alguns sacos, duas cadeiras de bebé no banco de trás, roll tax em conta, seguro aceitável, baixa kilometragem, de preferência não mais de 7 anos, com condições mecânicas e conforto minimo para viagens maiores.
Primeiro passo foi tentar saber quanto nos davam pelo carro que tinhamos. Ficámos surpreendidos e um pouco desapontados... 100 libras??? Os automóveis desvalorizam muito principalmente quando têm muitas milhas. 
Resolvemos que teriamos de recorrer a um crédito. Requisito base para se ter acesso a crédito automóvel: residir há 3 anos no Reino Unido.
Quando se pretende trocar de carro e comprar um carro a crédito há que fazer alguma procura a fim de se conseguir um stand que possua as melhores condições de crédito, ou pelo menos as mais adquadas a cada agregado familiar. Isto porque normalmente as entidades com as quais os stands têm parcerias têm muitas vezes promoções. Foi o que aconteceu com a escolha do stand onde comprámos o nosso actual automóvel. Eles estavam a oferecer £1500 por qualquer veículo que tivessemos para dar em troca, não importava o seu estado, as milhas que tinha ou a idade. Só tinha de ter o MOT (correspondente à inspecção em Portugal) em dia. Tendo em conta que o valor comercial do nosso boguinhas era de £100 achámos que este poderia ser um bom negócio, ou pelo menos o menos penoso para nós.
Outra coisa a ter em conta na escolha do stand é, para além da fiabilidade e confiança que nele sentimos, o tipo de frota que o stand tem para oferecer. Há stands que possuem carros quase novos, com muito poucas milhas e em bom estado de conservação. Estes são automóveis que pertenceram a pessoas com deficiência. No Reino Unido as pessoas com deficiência, pessoas que tomam conta de pessoas com deficiência, familiares directos, etc. têm a possibilidade de terem um automóvel de 3 em 3 anos, pelo que há stands que só revendem esse tipo de carros e por isso têm sempre uma frota relativamente nova e com poucas milhas. 
Os ingleses são normalmente despreocupados com bens materiais. Apesar de quase novos estes carros poderão ter riscos, minusculas amolgadelas, pequenas disfuncionalidades a nível eléctrico, há que ter em mente que, apesar de parecerem, não são carros novos. Será que compensa comprar um carro novo em Inglaterra? Tenho as minhas dúvidas.

Background photo by | Foto de fundo por: Richard

sexta-feira, 15 de maio de 2015

Emigrar na pele de uma adolescente

Hoje temos uma publicação muito especial aqui no Sunny Dot. Tivemos a oportunidade de fazer algumas perguntas a uma adolescente que se mudou para Inglaterra há menos de um ano. Quisemos saber um pouco o que passa pela cabeça dos mais novos quando os pais tomam esta decisão tão difícil de abandonar tudo e recomeçar de novo longe da família, amigos e de realidades que já conhecem tão bem. A Alice (nome ficticio) tem 12 anos e um dia ficou a saber que a sua vida iria mudar para sempre. Mãe da Alice: “Foi num dia de Verão que disse à Alice que em Outubro iria para Inglaterra. Sabia que a mudança iria ser drástica para todos. Nós estávamos muito apegadas.
Um dia, já a pensar na partida, disse-lhe: Imagina um barco no mar, ele durante a sua viagem tem de navegar estável e seguro, por mais que as ondas balancem, para chegar a bom porto. Assim seremos nós!”

  • Alice, como te descreves? Sou uma pessoa calma, quando não me irritam. Sou sonhadora, meiga e super teimosa.
  • És uma boa estudante? Sim. Tens boas notas? Normalmente, sim.
  • Consideraste uma rapariga com inteligência acima da média, ou tudo o que tens conseguido devesse ao fruto do teu trabalho e empenho? Eu não acho que seja uma rapariga inteligente mas acho que também não sou burrinha, mas sou aplicada e gosto de estudar.
  • Quais os teus passatempos favoritos? Os meus passatempos favoritos são ouvir musica, ler, ver televisão, gosto de escrever quando estou inspirada e estar com a família e amigos. Também gosto de passear e conhecer novas terras
  • Um dia a tua mãe disse-te que iriam morar noutro país. O que pensaste? Na altura não tinha bem noção do que era ir morar para outro país por isso estava um pouco confusa. Que dúvidas tiveste? Não tive dúvidas porque não conseguia imaginar não sabia a gravidade que era para ter duvidas porque nunca me tinha acontecido tal coisa. Que emoções sentiste? Muita coisa, senti-me muito confusa e não sabia que fazer, eu sentia-me incerta e as coisas estavam incertas.
  • E quando a tua mãe te disse que ela iria primeiro e depois te viria buscar a ti e à tua irmã, o que sentiste? Senti que a minha mãe ia fazer o que estava a dizer uma vez que temos uma relação muito próxima. E ela não nos iria deixar porque o que ela estava a fazer era também a pensar no nosso futuro quando crescermos.
  • Em algum momento tiveste medo? Sim. No primeiro dia que ela partiu. Sentia-me muito  sozinha e sem o suporte que ela me dava, sem os seus conselhos e avisos. Tinha medo que a nossa relação mudasse para sempre.
  • Era claro para ti que ela te iria buscar?  Sim, sem dúvidas. Sonhavas com esse dia? Sonhei que me iria encontrar com a minha mãe, e daríamos um grande abraço, que ela iria agarrar-me e nunca mais me largar.
  • Como descreves a tua mãe? A minha mãe é aventureira, sonhadora, amiga, teimosa, é a  minha confidente. Ela é, ás vezes, misteriosa.
  • Em algum momento quiseste ficar em Portugal? Sim. Nos dois últimos dias antes de vir para Inglaterra. Eu ouvia os meus amigos a falar de planos e coisas para o próximo ano, eu também queria participar mas não podia porque iria partir noutra aventura.
  • Como foi a partida para Inglaterra? Foi calma, tudo normal eu pensava que ia andar agitada mas estive muito calma.  O que esperavas encontrar? Esperava encontrar a minha mãe e frio.
  • Como viste e sentiste o teu primeiro dia em Inglaterra? O meu primeiro dia foi estranho,  não parava de olhar para as pessoas, as casas, a paisagem. Estava eu concentrada a admirar tudo quando olho para o lado e vejo um camião sem ninguém a conduzir, entrei quase em pânico porque o camião podia causar um acidente. Mas na verdade as pessoas conduzem cá ao contrário.
  • Ao fim de 10 meses em terras Britânicas, achas que te adaptaste a esta nova vida? Foi, ou tem sido, uma adaptação difícil? Sim. Adaptei-me melhor do que esperava. Quando iniciei a escola em Inglaterra estava com muito medo, não conhecia ninguém e era outra língua. Aos poucos fui-me integrando na escola. Os professores eram simpáticos e ajudaram muito. Hoje já tenho mais amigos.
  • Que diferenças encontraste nas meninas da tua idade inglesas em relação às portuguesas? As meninas de Inglaterra são muito mais descontraídas, mais para a brincadeira, são um pouco mais chiques. Enquanto que as meninas Portuguesas são um pouco mais stressadas porque a escola é mais exigente.
  • Na tua perspectiva achas que mudaste com a vinda para Inglaterra? Sim. Mudei a minha maneira de pensar, e estou a aprender outra cultura. Posso dar um exemplo, quando estava em Portugal se visse uma pessoa com cabelo verde era uma loucura. Aqui ver uma pessoa com o cabelo verde é normal, é uma opção dela.
  • Tens saudades de Portugal? Sim, tenho saudades da família que vive lá, do tempo ameno, do cheirinho do mar.
  • Conhecendo agora as duas realidades distintas onde te sentes mais feliz?Sinto-me mais feliz onde estou, em Inglaterra. Porquê?Não sei bem explicar, eu amo este pais e acho que um iman me atrai aqui e não me apetece mudar, sinto-me bem. Não consigo explicar, talvez porque vejo uma luz lá ao fundo. Sinto que aqui é melhor para mim.
  • O que dirias a uma menina portuguesa que estivesse de malas feitas para vir para Inglaterra? Diria "Vai e não tenhas medo. Viver noutro país não é tão difícil como parece."
  • O que achas que te reserva o futuro? O futuro reserva-me muitos desafios e coisas novas. Sei que vou aprender muito. Mas respondendo mais à pergunta o meu futuro ainda é incerto.
  • Descreve o que, para ti, seria um dia perfeito. Seria ir ao Algarve, à praia, enterrar-me na areia tal como fiz quando era pequena e divirtir-me à grande com a minha família.
Às vezes achamos que os nossos filhos vão sofrer com uma mudança tão grande nas suas vidas. Que vão ficar traumatizados ou frustrados. A verdade é que quanto mais crescidos somos mais difícil é para nós mudar-nos e desapegarmo-nos das coisas qua achamos ter como garantidas. Os mais novos adaptam-se muito melhor que nós a uma nova realidade e aprendem a viver nela com uma facilidade inspiradora. Somos nós, os adultos, que sobredimensionamos as emoções, a dor, a saudade, a tristeza, a necessidade. Eles acabam por viver com a nova realidade e a encontrarem, com grande facilidade, a parte positiva da mudança centrando as suas energias apenas nela.

terça-feira, 14 de abril de 2015

Top 10 essenciais a levares contigo para o Reino Unido


Muitas vezes somos confrontadas com a pergunta: "Em breve estou de partida para terras de sua majestada. O que devo MESMO levar na bagagem? Como está o tempo por aí? Levo roupa quente? Levo botas?" Infelizmente não podemos levar a casa atrás mesmo achando que "isto" e "aquilo" vai fazer falta, por via das dúvidas, não vá o diábo tece-las, e vamos assim justificando as mil e uma coisas que vamos acrescentando à mala.
Regra número um: fazer a mala com tempo para que nada do que é essencial fique para trás. Regra número dois: Não importa a estação do ano em que se viaja porque se vens para viver vais passar por elas todas e apesar de serem 4, como em Portugal, o nosso comportamento perante elas em Inglaterra é diferente do que estamos habituados em Portugal. Assim deixamos-te algumas dicas que te irão ajudar a organizar o que não deves esquecer de colocar na tua bagagem.

  1.  Entre €1000 a €2000, irá depender se vieres já com trabalho assegurado e se irás receber o teu vencimento semanal ou mensalmente. Este valor irá permitir-te dares resposta ás primeiras despesas, o aluguer de um quarto/apartamento/casa, água, luz, gás e 1 a 4 semanas de alimentação, conforme tragas mais ou menos dinheiro.
  2. Um roteiro da zona onde irás ficar, para que te possas orientar desde o primeiro momento em que pises terras britânicas.
  3. Um bom casaco com capuz, porque este é o país das 4 estações num dia e vais descobrir depressa que esta será a peça de vestuário mais requisitada do teu guarda-roupa. Nunca saias de casa sem ele mesmo que esteja um sol radiante quando meteres os pés a caminho. Não adianta trazeres camisolões de lã e camisolas de gola alta. Se trouxeres um bom casaco  este compensará os períodos em que estarás na rua, os demais momentos que passares "indoors" não precisarás de mais do que uma camisola ou camisa. Aqui os ambientes são aquecidos e normalmente possuem temperaturas que permitem às pessoas que lá trabalham usarem manga curta o ano inteiro (mesmo estando a nevar na rua). Depressa perceberás também que não é necessária muita roupa. O capuz permitirá estáres sempre preparado para os famosos aguaceiros mesmo sem andares a passear o guarda-chuva a toda a hora.
  4. Um par de botas, o tempo é imprevisível, como já mencionámos, se de manhã está um sol lindo, à tarde pode vir chuva.
  5. Sapatos confortáveis, para além das referidas botas um outro par de sapatos, sejam sabrinas ou ténis (sapatilhas), farão todo o calçado essencial nos primeiros tempos de emigração. Este calçado permitir-te-á fazeres as tuas longas caminhadas, caracteristicas dos primeiros meses de quem emigra, nos dias mais quentes.
  6. Computador portátil, essencial não só para enviar currículos e responder a emails mas também para matares saudades e falares com a família via Skype, etc
  7. Telemóvel livre (desbloqueado) (e respectivo carregador) assim que aqui chegares vais sentir necessidade de possuir um número inglês que será o teu "passaporte" para seres contactado por empregadores assim como por qualquer outro serviço governamental. Para não teres de investir num telemóvel, podendo mais tarde com tempo e um trabalho fixo ser mais vantajoso adquirires um por assinatura, se trouxeres um telemóvel livre de operadora poderás por £5 adquirir apenas um cartão SIM.
  8. Adaptador de tomada electrónica, não sei se já tomaste conhecimento mas aqui as tomadas têm 3 buracos em vez de 2. 
  9. Trazer um objecto motivador, algo que te faz lembrar a razão essencial da tua decisão em emigrar, que te lembre o teu objectivo, de onde vieste e para onde queres ir. Por exemplo um desenho do filho, uma fotografia, um talismã, o saldo negativo da conta bancária em Portugal,...
  10. Alguns CVs imprimidos, para que os possas entregar na tua procura de trabalho "porta a porta". Aqui também há locais onde os poderás imprimir, como é óbvio, mas nos primeiros dias numa terra desconhecida se não precisares de te preocupares com isso para conseguires o teu primeiro trabalho, que te permita organizar a tua nova vida, será uma mais valia, não achas?
A nossa vida não cabe numa mala, disso não há dúvidas, pelo que não te preocupes em tentar trazê-la toda. É importante cingirmo-nos ao que é essencial e fazer a tua viagem  o mais leve possível. Não sabes o que te espera, nem quantas vezes precisarás mudar de casa até acentares, nem mesmo se precisarás mudar de localidade, portanto faz-te leve e prático.
Existem porém coisas que não ocupam espaço físico e que são determinantes para quem embarca numa aventura destas. Falo da Coragem para enfrentar cada desafio. Motivação para agarrar esta oportunidade como se não houvesse amanhã. Da inesgotável Vontade de alçançar o teu objectivo maior. Disposição para vencer os obstáculos. Muita Humildade para abraçar novas aprendizagens e experiências. Enorme Capacidade de Adaptação a uma nova vida, um novo começo. E, por último, Mente Aberta para enxergar outras visões da vida e do mundo, não ficando rotulado àquilo que só os olhos querem e estão habituados a ver.
Tem uma optima viagem! 

quarta-feira, 1 de abril de 2015

O ponto parágrafo.


Sabes quando a razão te diz não e o coração te grita sim? Sabes quando sabes que queres abraçar um mundo novo e desconhecido mas falta-te a confiança para saires da tua zona de conforto e dares o teu salto de fé? Quando toda a vida fizeste uma coisa que sabes que não te completa totalmente porque sentes que não alcanças o grau de exigência que precisas para te sentires motivada e plena? Quando sabes que podias ser mais e melhor num canto oposto do que estás, mas também sabes que terás um longo caminho a percorrer até lá chegar?
Hoje saio da minha zona de conforto. Dou o salto de fé. Começo a caminhada para o outro canto do quadrado. Bem, não começou hoje, para ser sincera, começou há cerca de duas semanas, mas hoje materializam-se as duas semanas de trabalho feliz. De motivação a 1000. De sorriso no coração, mesmo que cheia de receios e inseguranças mas absolutamente preparada para lutar contra eles.
Hoje retomamos, eu e a Sandra, o também conhecido como CPI mas com contornos de Sunny Dot. Porque os pontos não têm de ser finais, nenhuns. Nem o deste projecto, nem o das vidas que não são plenas, nem o dos futuros supostamente traçados... Porque há sempre um lado mais ensolarado e a escolha será sempre nossa, de cada um de nós.

Se conheceste o CPI saberás que a distância entre Inglaterra e Portugal ficou muito mais curta por um ano. O Sunny Dot não pretende encurtar só a distância física entre estes dois países como também a distância sensorial. Do teu lado esquerdo encontras três categorias principais: 
  • MOTIVAR
  • MUDAR
  • ORGANIZAR. 
Três verbos de acção: Motivar-te para a conquista dos teus sonhos. Acompanhar a tua Mudança.  Ajudar-te a Organizar e planear a conquista dos teus objectivos. Cada categoria reune ferramentas que te ajudarão nesta tua caminhada. Muitas ferramentas ainda serão adicionadas. E muito ainda estará por vir. Sunny Dot fará, sem dúvida, parte do lado ensolarado da tua vida... fica por aqui!

Foto  publicada em | Photo featured on: KATRIN ARENS

sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

E já lá vão 5 anos ...


Faz hoje precisamente 5 anos que viémos viver na Inglaterra ... mas antes disso, deixem-me contar como foi o antes de ... fazia 6 meses que o meu marido estava a viver na Inglaterra e eu estava a trabalhar a tempo inteiro e com duas crianças e um cão. Era um cão de casa e por isso, equivalente a um terceiro filho, a quem eu tinha que passear no minimo 2 vezes por dia.
Corria tudo bem quando não era altura de cio das cadelas, aí era a loucura total. O que queria era ir para a rua, atrás do rasto e às vezes andava desaparecido horas, perdia sempre o apetite e emagrecia. Mas lembro-me de uma semana em particular, nunca o tinha visto assim, chorava durante a noite, pedia-me que lhe abrisse a porta da rua, não só não me deixava dormir como temia que acordasse as crianças. Como passei umas quantas noites sem dormir o necessário, comecei a ter enxaquecas, já sem recursos, pedi ao veterinário que me receitasse alguma coisa para o 4 patas para que ele acalmasse. Nesse mesmo dia, e sem a dita medicação, ficou tudo mais calmo, pude finalmente respirar de alivio e dormir uma noite completa.

Os míudos com 4 e 8 anos, precisavam ainda de quem lhes desse banho e fizesse jantar, organizar roupas, trabalhos de casa e tudo o resto inerente à organização de uma família e casa. Isto para dizer, que pouco tempo tinha para pensar que estava tudo ao meu cargo e nem assim cruzei os braços.
Importante era mesmo manter a rotina, pois assim o tempo passava mais depressa e os míudos não sentiam tanto a ausência do pai. Era sempre uma luta para conseguir ter tempo para estar em frente ao pc a determinadas horas para falar com a cara metade pelo skype. Naturalmente também ele queria falar com os meninos e com escola no dia seguinte, as conversas eram curtas. Nada fácil para quem está longe nem para quem ficou. Mas o que é certo, é que se iam alimentando sonhos e o tempo ia passando.
O dia começava bem cedo, a passear o cão na rua, depois os pequenos-almoços aos meninos e depois a deixar um deles em casa dos meus pais e outro na creche, depois um trajecto de 1 hora na IC19. Depois seguiam-se 8 horas de trabalho (minimo), com interrupção na hora de almoço para correr ao supermercado ou ao banco tratar de algum assunto. Ao final do dia, era outra correria, buscar os dois aos avós, seguia-se novo passeio do 4 patas, banho e jantar. Meninos na cama e mais um último passeio do 4 patas. Seguiam-se alguns telefonemas com a família e amigos, algumas tarefas da casa e finalmente tempo para estar ao pc. Uff ... todos os dias uma correria.

O futuro ia sendo desenhado através de pesquisas no pc e em conversas com a cara metade, mesmo por Skype. Recordo-me da procura pelo apartamento certo, tentavamos visualizar o mesmo apartamento e discutir as condições de aluguer, um de um lado do pc e o outro do outro lado a 2200 km de distância. O mesmo se passou em relação à escola dos míudos e planeamento de viagens.

Era chegada a véspera do grande acontecimento, mas antes havia ainda lugar a um jantar de natal com os colegas de empresa. O meu último dia de trabalho, que foi tudo menos calmo, o tempo voou e quando dei conta estava na hora de fechar o pc e retirar os bens pessoais. Já o pessoal estava a anunciar as suas saídas para o restaurante escolhido pela Administração e eu ainda a tentar refletir se nao havia deixado algo para trás. O jantar correu às mil maravilhas, o ambiente estava deveras acolhedor e animado.O fim da noite fez também anunciar a hora de despedida e eu só queria parar e saborear aquele momento. Ouvi mensagens muito calorosas dos patrões, colegas e amigos, daqueles que pensamos às vezes que passamos indiferentes e afinal têm muito carinho por nós. O meu coração estava derretido! Não queria despedir-me nem acabar com aquele momento. Foi muito bom! Fui muito feliz neste emprego, os colegas eram excepcionais.
O meu coração estava dividido, já cheia de saudades pelos que ia deixar para trás e espectante pelo que se iria seguir nas próximas horas.
No dia seguinte, era dia de ir ao aeroporto de Lisboa buscar a cara metade que já não via há 3 meses. Os míudos excitadíssimos, não havia quem os sossega-se, na verdade também eu estava com borboletas na barriga, as mesmas que há 14 anos me visitavam quando ainda namoravamos. Esta é mesmo a parte boa de 2 pessoas que vivem com distância. Sim,  O reencontro foi vivido com muita emoção e carinho. Sim, é mesmo possível ter um relacionamento à distância quando é alimentado.
O Natal passou e o dia 27 chegou! Os poucos detalhes de que me lembro, foi ter malas abertas e andar perdida a tentar enfiar mais isto e aquilo que me podia fazer falta, já que nem saberia quando estaria de volta a minha casa. Houve tempo ainda de uma grande amiga aparecer lá em casa e se despedir. O dia passou rápido e as despedidas sucederam-se em casa de familiares. Ficou o sentimento de que iriam sentir muito a nossa falta, e que estavam a torcer por nós. Lembro-me que o dia estava muito feio, muito vento, escuro e com chuva violenta. Houve momentos de dor física, de sentir um nó na garganta e de não querer prolongar algumas despedidas de tão doloroso que estavam a ser.
Lembro-me de a viagem ser rápida e chegarmos a Londres já no fim da noite. Estavam 2º e não parecia ser tão mau assim. Estavamos todos espectantes por uma vida nova, por esta nova aventura que ninguém sabia ao certo que destino havia de ter.
Hoje, passados 5 anos, só nos arrependemos de não termos vindo mais cedo. Adoro o meu país e tentamos ir lá 1 a 2 vezes por ano, mas não me vejo a viver lá de novo, pelo menos num futuro tão próximo. Gostamos muito de aqui estar. Os piores momentos são quando temos alguém doente e pouco podemos fazer para ajudar, é um sentimento de impotência, mas a vida não é perfeita e há que ser positiva e ver o lado bom das situações. Quero deixar aqui uma mensagem de esperança para quem como eu também deseja mudar de vida. Sou filha única e muito agarrada aos meus pais, na altura não foi fácil, mas hoje acredito que cresci muito e Portugal tem agora um espaço mais especial no meu coração. Tenho muito orgulho de ser portuguesa e tento manter esse sentimento entre os meus. Lembrem-se se há alguém que pode mudar a vossa vida, são vocês mesmos! Como se diz na giria portuguesa, o caminho é para a frente. Lancem-se sem medos!

terça-feira, 3 de dezembro de 2013

Emigrar com os patudos para Inglaterra


Para mim, um animal de estimação faz parte da família. Neste caso concreto falo do meu Freddy (golden cocker spaniel), meu companheiro, na altura com 12 anos. Quando pensei emigrar NUNCA coloquei a hipótese de abandonar o meu fiel amigo.

Informei-me de imediato, do que seria necessário tratar para trazê-lo comigo. Devo dizer que a informação disponível na altura (2008) era pouca, o veterinário também não tinha a certeza de muita coisa. Só sabiam dizer que devia ser caro, que os ingleses eram muito chatos e que seria uma dor de cabeça. Enfim, o pessimismo vinha sempre ao de cima. Mas sou o tipo de pessoa que, quanto mais dizem que não sou capaz, mais força tenho para mostrar o contrário.
Com o marido emigrado na Inglaterra, foi mais fácil recolher informações.
Ficámos a saber que teriamos que colocar um chip, tirar sangue ao cão e pedir o passaporte internacional. As análises de sangue iriam provar que o cão tinha a vacina anual válida. Na altura ainda tivemos que esperar 6 meses de quarentena em Portugal. Na prática víemos primeiro e ele acabou por ficar 7 meses em casa dos meus pais. Ficou com as melhores pessoas possíveis, mas sei que ele sofria de ansiedade, ele de um lado e eu de outro. Emagreceu e andava triste, mesmo com a minha mãe a fazer-lhe arroz com cenoura e galinha, que ele tanto gostava.
Os meses foram passando e eu sentia angústia por não o ter comigo. Pedia a Deus para ele se aguentar até ao dia que eu o fosse buscar. Afligia-me o facto de ele se sentir abandonado. Lembro-me desse dia, como se fosse hoje. Eu ainda não tinha chegado a casa dos meus pais e já ia de lágrima no olho.
Quando lá chegámos, fui direitinha a ele e ele ignorou-me por completo. Estava magoado comigo e com o meu filho mais velho, eramos os mais chegados a ele. Em vez disso, fez muitas festas ao meu marido e à minha filha. Fiquei decepcionada, mas no fundo, e sabendo que eles tem sentimentos e o quanto era apegado a mim, tudo se encaixava. Olhava para mim com um olhar sisudo e de desprezo, no fundo estava a mostrar o quanto eu o tinha desiludido. O meu coração estava partido. Só ao fim de 3 dias é que ele se aproximou de boa vontade. Depois disso, foi um 31 deixá-lo outra vez.
Já na Inglaterra, sugeriram interná-lo para análise de uma situação e eu perguntei se podia ficar, como não pude ficar, expliquei que a saúde dele poderia piorar se sentisse que o estava a abandonar de novo. Eles compreenderam.

Mas o que queria mesmo deixar aqui explicito, é que a lei hoje em dia está menos exigente, já não é preciso período de quarentena. Resumindo, é colocar chip, ter vacinas em dia, tirar passaporte e na hora de viajar, é apenas preciso desparasitar. Para passar a alfândega, a toma do desparasitante tem que ter mais de 24 horas e não pode exceder as 48 horas. Já agora, um último conselho, verifiquem, antes de partir, se consta no passaporte, a data, hora e carimbo do veterinário certificado. Muito importante!! Sem estes 3 registos o animal não entra no Reino Unido.

Se pensam em emigrar, não os abandonem! Não vou dizer que é fácil, mas havendo vontade há sempre solução. Pode não se encontrar à primeira, casa que permita a entrada de animais, mas é tudo uma questão de persistência, porque conheço uma mão cheia de pessoas que trouxeram os seus bichinhos.

Link útil:
https://www.gov.uk/government/publications/bringing-pets-into-the-uk-after-1-january-2012

quarta-feira, 6 de novembro de 2013

Crónicas do emigrante: Sede de crescer!

Hoje levei a minha filha e mais duas amigas dela ao cinema para verem o filme dos One Direction, uma boys band muito popular e que tem andado na berra estes últimos tempos.

Todas vestiam t-shirts da banda e levavam malinha ao ombro, uma delas usava ainda maquiagem e sapatinho alto. Em Portugal as raparigas com 9/10 anos de idade são ainda muito meninas, por aqui, na Inglaterra, querem crescer cedo e serem umas jovens adolescêntes.

No filme, os elementos da banda falavam das mudanças da vida de cada um deles após o início da boys band... dei comigo a divagar...

A minha filha R, agora com 9 anos, está a entrar naquela idade em que já não é uma criança mas também ainda não é adolescente. Anda num meio termo, meio ambiguo, pouco claro e por vezes noto que já quer ser vista como uma mulherzinha. Com atitudes já de pre-adolescente, ela e as amigas claro.
Há pouco tempo queria que lhe comprasse bilhete para um dos concertos da referida banda. O preço dos bilhetes, sim porque teria que ser um bilhete para ela e outro para um adulto, ultrapassava as £300, loucura total! Primeiro, acho que é de todo descabido gastar tanto dinheiro para umas horas de diversão e além do mais têm uma vida inteira para ir a concertos.

Hoje as raparigas querem liberdade e exigem tudo o que as amigas têm. Desejam igualar-se aos seus pares. Para mim, como mãe, não está fácil aceitar esta mudanca, ainda para mais quando estamos inseridos noutras culturas diferentes da nossa.

Serei só eu ou haverá por ai mães com o mesmo problema?

quarta-feira, 14 de agosto de 2013

Em prol da cultura portuguesa



Quem me conhece, sabe que não sou de desistir facilmente de uma ideia. Quando emigrei para a Inglaterra, vinha determinada a que os meus filhos continuassem a estudar o português.  
Primeiro porque já falavam e não queria de todo que perdessem a língua materna, depois porque os avós maternos não falam inglês e finalmente porque nunca se sabe o dia de amanhã. A esperança de um dia voltar a Portugal para viver não consta da lista por agora, o futuro a eles caberá, mas neste momento quem educa, guia e sabe o melhor para eles somos nós, os pais. Tantas vezes ouvi este dizer da boca dos meus pais e hoje que sou mãe faz todo o sentido.

Estando a viver na zona de Kent e tendo conhecimento de que não havia escola portuguesa para estas bandas, lancei-me ao desafio e procurei respostas às minhas perguntas. Porque razão não haviam aulas de português em Kent? Há 4 anos atrás liguei para o Consulado de Portugal em Londres e explicaram-me o que poderia fazer para criar as condições necessárias a fim de se colocar um professor de português na área.

Pois bem, havia que reunir um número considerável de crianças portuguesas que vivessem físicamente perto e que fossem descendentes de portugueses e, claro, que quisessem estudar o português. Durante muito tempo tentei localizar portugueses a fim de saber se tinham filhos em idade escolar. Corri as lojas de restauração que me tinham indicado onde haviam portugueses a trabalhar e, por fim, uma amiga que aqui vivia há alguns anos  levou-me a conhecer um café português em Maidstone. Um pouco longe da minha área de residência, mas sempre era mais prático do que ir a Londres. Pois bem, meti-me ao caminho e, com a ajuda do Sr. P., colocámos a informação visível aos  clientes/pais portugueses. Foi uma corrida contra o tempo, as férias de verão estavam à porta e tudo ficaria sem efeito se não conseguíssemos um número considerável de alunos. A ajuda do Sr. P foi imprescindível, o processo seguiu com as inscrições para a Coordenação de Ensino no Estrangeiro em Londres e, em Outubro do mesmo ano, ficaram reunidas todas as condições para a realização de aulas de português em Maidstone.
Apesar de fazer uma viagem de 35-45 minutos de carro na autoestrada para que os meus meninos fossem às aulas de português, sentia-me orgulhosa pela concretização de mais um objectivo.
Perguntam vocês: porque razão as aulas se realizaram lá e não perto da minha residência? A resposta é simples, em Maidstone residia o maior número de alunos.

Este ano de 2013, andei também numa roda viva a tentar reunir alunos mais perto da minha área de residência. Fui informada que teria que ter pelo menos 12 alunos para a criação de uma nova turma de português desta feita em Gravesend. Anunciei na internet, através do facebook em grupos de portugueses na área, solicitei a todos os que conhecia que passassem a palavra entre os amigos. A lista dos alunos foi alcançada, inquérito de preços de aluguer de salas em escolas também, resta agora aguardar até Setembro 2013 por uma resposta, espero que positiva.

É com muita alegria e satisfação que vejo o interesse das crianças umas pelas outras nos corredores da escola  quando aguardam pelo início das aulas. Inclusive, o prazer dos pais em trocar palavras e até a travarem amizades com outros pais. Afinal temos um passado comum, uma mesma origem ainda que com algumas diferenças geográficas, mas acho que quando ouvimos falar português sentimos prazer em expressar-nos na nossa própria língua, somos mais espontâneos uns com os outros e acima de tudo sentimos que Portugal está mais perto.

Este tem sido o meu contributo para a comunidade portuguesa em Kent.

Link útil: http://e-portugues.co.uk/?page_id=1620

quinta-feira, 8 de agosto de 2013

Em Entrevista


A entrevistada de hoje é a Rute de 35 anos, casada e com um filhote de 8 anos. Está no Reino Unido desde meados de Janeiro de 2013 e já conquistou o seu espacinho por estas bandas.


O que te motivou a emigrar?
Há quem diga que nasceu no corpo errado, eu sabia que tinha nascido no país errado! De qualquer forma o momento da verdade foi a declaração das finanças atestando que ganhava cerca de 65€/mês (Professora de Atividades de Enriquecimento Curricular).
Mas não foi o único motivo, andava a torturar-me desde que o meu filho entrou para a escola primária! Pensava todos os dias em ensino doméstico porque achava que a escola estava toda errada para ele!

Porquê a escolha do Reino Unido, particularmente Gravesend?
O Reino Unido porque proibiu os corantes e aromas artificiais na comida! Porque falo inglês! Porque nas escolas o ensino é socio-construtivista e há por norma mais do que um adulto por sala! Porque há uma cultura de incentivo à infância! E, claro, porque me pareceu que ainda havia emprego.
Gravesend porque tinha uma amiga aqui. Ponderei Londres por causa do apoio da Britbound, mas acabei por escolher ter um ponto de apoio mais familiar. Estou muito feliz com a escolha! Fica perto de tudo e ainda assim tem um ambiente semi-rural LOL ;)

Como foi o teu princípio?
Tinha a amiga, é verdade, que foi ótimo nos primeiros dias, mas, ela tem a vida dela e eu tinha a minha nova vida para construir! Ela ajudou a encontrar um quarto numa casa partilhada e num jantar de amigos acabou por saber de uma vaga no Bluewater que acabou por ser o meu 1º emprego!
Foi tudo fantástico! Acho que tive muita sorte!
A maior dificuldade foi estar longe do meu filho por 3 meses, mas ele foi fantástico e nunca chorou!

* Bluewater - centro comercial localizado no county de Kent

Qual foi o sentimento dos primeiros dias / meses?
Era um misto de insegurança, felicidade, saudades do filhote! Mas acho que me adaptei muito bem!
Estava a nevar, lembro-me de ficar horas a olhar para a neve e de ficar triste porque o meu miúdo ia adorar brincar com a neve. Por isso sim, as saudades, a tristeza de não estar a partilhar a experiência com o filhote foram os sentimentos dominantes.

Que aspetos positivos/ negativos recordas aquando da mudança?
Negativo: o pior foi estar longe do filhote…
Positivo: tudo o resto foi positivo.

O que aqui conquistaste corresponde às expectativas que trazias? Em que sentido?
Corresponde e excede as expectativas! Tenho trabalho! A minha formação e experiência pessoal são reconhecidas! O meu filho está a integrar-se muito bem e adora a escola (o que não acontecia em Portugal)!
Como diz o anúncio: “Aqui vou ser feliz!”

Avalia de 0 a 10 (sendo 10 nota máxima positiva) a tua experiência de forma geral.
10

De que mais sentes falta?
Do filhote, como já disse. Mas agora que ele está cá … sinto falta do peixe e de vinho para cozinhar. Sinto falta da minha máquina de fazer pão, da minha cozinha no geral … mas lá chegarei

De que forma matas a saudade de Portugal?
Eu confesso que não tenho saudades…

Achas-te, como emigrante, responsável pela divulgação da cultura portuguesa?
Não. Mas eu não me considero emigrante no sentido de ser um português fora do seu país. Eu considero-me uma cidadã europeia que mudou de país, quero conhecer e abraçar a cultura do país que me acolheu e me tem tratado tão bem.

Recordando os primeiros tempos de emigrante, recordas algum episódio engraçado que queiras partilhar?
Em termos culturais… toquei, de forma meiga, no braço de uma criança que tinha mergulhado a mão num pote de doces na loja onde trabalhava e percebi, pelos gritos da mãe, que tinha feito algo de muito grave. Por aqui ninguém deve, em circunstância alguma, tocar numa criança… infelizmente a solução das colegas nativas era gritar com a criança ou fechar o pote entalando a mão da criança … honestamente, a criança não se assustou com a minha intervenção, porque foi meiga e nada brusca e completamente adequada à idade… mas agora já sei: Nunca tocar numa criança!
Na língua… embora domine o inglês, na minha primeira ida a Londres tinha de comprar o bilhete de comboio e as opções eram “single” e “return”. Ora eu era só uma, queria, sem duvida, um “single” e como não encontrava uma opção “single & return” achei que podia comprar o “return” no regresso (sim, eu nasci loira) e acabei por gastar o dobro do que precisava… afinal “return” implica a viagem de ida também e custa apenas mais uns “pence”: Lesson learned!

Farias tudo de novo ou o que mudarias?
Fazia tudo novamente!

Voltarias a viver em Portugal?
Não!

Onde e como te vês daqui a uns 15 ou 20 anos?
O plano é ficar por aqui até o miúdo ir para a universidade. Depois ele pode escolher o país onde quer estudar e eu mudo novamente. Gosto da Alemanha, da Dinamarca… desta vez gostava de aprender um novo idioma.
E depois, meio a sério meio a brincar, digo que ao miúdo vou dar asas para voar para onde ele quiser… eu… vou reformar-me e comprar um barco e uma casa nas Caraíbas, passear turistas e literalmente dormir à sombra da bananeira… e como o destino é interessante pode ser que o miúdo lá passe férias! LOL

O que recomendarias a alguém que quisesse emigrar?
Coragem. Todas as mudanças são assustadoras e como todos os medos a única coisa que temos de fazer é parar e pensar se é seguro avançar. E, normalmente, é! Na pior das hipóteses são apenas mais umas férias…
Claro que ajuda ter o suporte financeiro e emocional dos amigos e da família. E depois fazer da internet a nossa melhor companheira e nunca parar de pesquisar mais e mais sobre o que podemos fazer para atingir objetivos… e perguntar, claro, porque perguntar não ofende ninguém!

Obrigada pela partilha Rute! Se o teu filho não aceitar as férias nas Caraíbas podes sempre contar connosco! Nós agradecemos ;)

Background photo | Foto de fundo por: Only Deco Love

quinta-feira, 25 de julho de 2013

Em Entrevista


A Sandra Moreno é a nossa entrevistada de hoje. Com idade compreendida entre os 30 e os 35 anos a Sandra está emigrada no Reino Unido há 14 anos e conta-nos hoje um pouco da sua experiência.

O que te motivou a emigrar?
Educação – Universidade

Porquê a escolha do Reino Unido, particularmente Liverpool?
Escolhi Liverpool, Reino Unido, pois oferecia o curso que eu procurava. E uma das minhas amigas tinha lá uma prima.

Como foi o teu princípio?
Vim com as minhas duas melhores amigas. A inscrição na faculdade foi feita em Portugal através do British Council, o processo demorou um ano. O alojamento também foi arranjado ainda em Portugal, portanto foi só uma questão de aterrar e ir logo para a residência de estudantes. Chegámos uma semana antes do início do ano lectivo o que nos facilitou conhecer a cidade, as pessoas, comprar umas coisinhas para o quarto e claro aproveitar o “freshers week”.

* “freshers week” - correspondente à semana do caloiro em Portugal

Qual foi o sentimento dos primeiros dias / meses?
Nas primeiras semanas foi um sentimento de alegria, entusiasmo e orgulho. Era jovem, encontrava-me longe de casa com as minhas melhores amigas. Mas passado uns meses sofri bastante por não ter a família por perto, chorava muito, etc.. esse sentimento persistiu por um ano e pouco a pouco fui-me habituando à minha nova vida.

Que aspectos positivos/ negativos recordas aquando da mudança?
Positivos: Cresci muito como pessoa, aprendi a conviver com pessoas e situações completamente diferentes da minha realidade. Conheci países, cidades, culturas diferentes.

Negativos: Uma coisa muito pequena, mas que tem um grande impacto, hoje noto que não toco muito nas pessoas como uma boa portuguesa/caboverdeana. Explicando: muito raramente dou beijinhos às pessoas (incluindo os da minha cultura). Não brinco tanto com as crianças na rua (pois aqui existe um exagero que os adultos não devem falar ou brincar com as crianças, sem que os pais façam uma cara feia).
E por último, infelizmente começo a perder a fluidez da língua portuguesa (falada e escrita).

O que aqui conquistaste corresponde às expectativas que trazias? Em que sentido?
Sim a 90%... Vim para o Reino Unido porque tinha o sonho de expandir a minha mentalidade, conhecer outras culturas, aprender algo novo, viajar, etc.. portanto até hoje tudo isso corresponde à minha expectativa. Os outros 10%, aprendi que a cultura Britânica não é tão romântica como aprendemos em Portugal, que o nível de qualidade da educação escolar não se compara ao nível de Portugal.

Avalia de 0 a 10 (sendo 10 a nota máxima positiva) a tua experiência de forma geral.
10

De que mais sentes falta?
Da família

De que forma matas a saudade de Portugal?
Com a comida (cozinhar em casa ou comer em restaurantes), seguindo as notícias de Portugal (Jornal on line) e falando com os familiares sempre que possível.

Achas-te, como emigrante, responsável pela divulgação da cultura portuguesa?
Não, embora muitas vezes dou por mim a divulgar a comida portuguesa e os habitos alimentares, mas sinceramente não divulgo muito a cultura Portuguesa, creio que um dos motivos deve ser o facto de eu ter nascido em Cabo Verde.

Recordando os primeiros tempos de emigrante, recordas algum episódio engraçado que queiras partilhar?
Tenho tantos episódios mas entre eles há um que se destaca: uma vez fui ao banco com as minhas amigas, e no banco encontrava-se um rapaz muito bem parecido, tal como nós, ele encontrava-se na fila para ser atendido. Esse rapaz tinha a cara cansada e olhos bastante vermelhos. Viro-me para as minhas amigas e digo em Português: “Esse rapaz é lindíssimo, mas tem cara de drogado, o que é uma pena”. Ele olha para trás e diz EM PORTUGUÊS: “Por acaso não me drogo, acabei de acordar...”.

Farias tudo de novo ou o que mudarias?
Faria tudo de novo, igual, sem mudar nada.

Voltarias a viver em Portugal?
Talvez, depois da idade de reforma.

Onde e como te vês daqui a uns 15 ou 20 anos?
Em Inglaterra ou algures em África (Continente).

O que recomendarias a alguém que quisesse emigrar?
Que se prepare MUITO bem antes de emigrar (financeiramente e psicologicamente). Emigrar não é para toda a gente, há pessoas que não se adaptam a viver longe dos familiares e amigos.
Que venha com uma mente aberta sem grandes expectativas sobre o país de acolhimento, e que tenha um propósito.
Que tente arranjar trabalho ainda no país de origem (pois às vezes é muito complicado sobreviver no país de acolhimento sem meio de subsistência).
Acima de tudo, que tenha a noção da realidade do país de acolhimento.

Background photo | Foto de fundo por: Only Deco Love

quinta-feira, 18 de julho de 2013

Trabalhar como au pair


Em Londres existe muita gente que vem cá com o intuito de aprender inglês e voltar ao seu país com a esperança de encontrar um futuro melhor. Normalmente vêm para estudar umas horas e trabalhar todas as outras. De todos os trabalhos que conseguem, acho o de au pair o mais ingrato. Vivem em casa de uma família e tomam contam das suas crianças, nos intervalos tentam estudar inglês. Ganham uma miséria e não têm horas de começar nem acabar, muitas vêem-se sem fins-de-semana, têm de limpar a casa e ainda conduzir em Londres mesmo não estando habituadas. Contudo, o que mais me choca em muitos destes casais que procuram au pairs, é o desprendimento com que acham que podem fazer o que querem com a vida delas. Amanhã, sábado, preciso de ti, vamos sair e voltamos às 6:30pm. - já acho mal, não é amanhã podes? É amanhã ficas...!!! Pior é quando a pessoa fica, marca coisas para depois das 7 e às 9 os senhores ainda não deram as caras. O telefone toca: Ah desculpa lá mas estamos a caminho, o trânsito está mau e tal... - 2 horas de trânsito? eles acham que a inteligência só os brindou a eles?! -  mais 20 minutos e estamos aí. - 20 minuto?? Só podem estar agora a sair de lá! - Ainda dá para irmos comer qualquer coisa? Ainda não jantámos... - Tenham a santa paciência mas a falta de vergonha na cara tem limites!
Pois bem, eles chegam de trombas, a au pair já sai atrasada e chateada e quando, após o seu jantar, volta a casa cansada, ainda consegue surpreender-se quando tenta abrir a porta da rua sem sucesso, está trancada por dentro.

Esta situação aconteceu a uma amiga minha, de um momento para o outro a vida dela deu uma reviravolta, sózinha por terras Britânicas, teve a sorte de poder contar com os amigos.
Eu nunca me aventuraria a ir para uma cidade onde não conheço ninguém para viver e trabalhar com alguém que nunca vi, com o intuito máximo de estudar, mas isto sou eu... antes ter o meu espacinho e ser waitress ou trabalhar num hotel... trabalho duro por trabalho duro pelo menos chega-se a casa e ninguém chateia!

Londres pode ser um sonho mas em pouco tempo pode virar pesadelo! Obviamente que nem todas as experiências como au pairs são assim, negativas. Por isso é bom que tudo fique bem esclarecido em contrato antes de sairem do país de origem. Se possivel evitar fazer os chamados favores que na maior parte das vezes dá azo a excesso de confiança e pode levar a abuso. Nunca se esqueçam que estão "on your own" e que por muito amigos que se possam tornar das famílias a vontade e necessidade delas estará sempre em primeiro lugar em relação às tuas. Manter as fronteiras bem definidas é uma mais valia para ambas as partes.
Procurem agências inscritas na BAPAA(British Au Pair Agencies Association). Contactem várias vezes com as famílias antes de saírem do vosso país e esclareçam todas as dúvidas assim como definam bem tudo o que acharem importante para um relacionamento cordial e saudável.

quinta-feira, 11 de julho de 2013

Em Entrevista


Em entrevista hoje no nosso/vosso blogue temos a Madalena Santos com 24 anos, solteira, emigrada há 9 meses, em Londres (Inglaterra). 



O que te motivou a emigrar?
A falta de trabalho na minha área de estudos, principalmente.

Porquê a escolha da Inglaterra, particularmente da cidade de Londres?
Escolhi Londres porque já tinha feito cá um estágio há 3 anos atrás e fiquei apaixonada por esta cidade.

Como foi o teu princípio?

Eu vim sózinha mas tinha cá a minha meia irmã que me ajudou com alojamento e na procura de emprego.

Qual foi o sentimento dos primeiros dias / meses?
De frustração por não ter sido fácil de arranjar trabalho mas depois de orgulho em não ter desistido.

Que aspectos positivos/ negativos recordas aquando da mudança?
Os negativos é que pensava que ia arranjar trabalho na minha área facilmente e infelizmente não foi possível, os positivos é que tinha cá família e amigos que me deram imenso apoio.

O que aqui conquistaste corresponde às expectativas que trazias? Em que sentido?
Não correspondeu às expectativas que tinha porque ainda não consegui arranjar o trabalho que gostaria mas aprendi a viver com isso e mesmo assim sinto que ganhei muitas outras coisas que nenhum trabalho me poderá dar.

De que mais sentes falta?
Da família, amigos e do mar.

De que forma matas a saudade de Portugal?
Falando regularmente com as pessoas importantes da minha vida que lá ficaram.

Achas-te, como emigrante, responsável pela divulgação da cultura portuguesa?
Não me acho responsável mas gosto de divulgar sempre que possível.

Recordando os primeiros tempos de emigrante, recordas algum episódio engraçado que queiras partilhar?
Não tive nenhum, que me recorde.

Farias tudo de novo ou o que mudarias?
Faria tudo de novo e exactamente da mesma maneira.

Voltarias a viver em Portugal?
Voltarei, um dia...

Onde e como te vês daqui a uns 15 ou 20 anos?
Vejo-me em Portugal com uma “bagagem” muito mais enriquecida depois desta experiência.

O que recomendarias a alguém que quisesse emigrar?
Juntar algum dinheiro e o mais importante vir com espirito de sacrifício.

Background photo | Foto de fundo por: Only Deco Love