quinta-feira, 19 de setembro de 2013

Entrevista com ...

Como a maioria de vós já estará a par a equipa do CPI está, no momento, totalmente localizada no Reino Unido, por esse motivo toda a nossa experiência, assim como as experiências que recolhemos através das entrevistas que fazemos, baseiam-se essencialmente nesta zona do globo terrestre. O André Magalhães, é o nosso entrevistado de hoje e não é excepção. Inglaterra torna-se cada vez mais o destino de eleição para os emigrantes portugueses pelos mais variados motivos e o André é mais um exemplo vivo disso. Com 30 anos, solteiro, vive em Inglaterra desde Setembro de 2012. É estudante de doutoramento e professor assistente na School of Sport and Exercise Sciences da University of Kent. Bem-vindo ao CPI André!


O que te motivou a emigrar?
Aquilo que me motivou a emigrar foi em primeiro lugar o procurar de uma carreira académica internacional e também um pouco de espirito de aventura. O fato de não me sentir satisfeito com a minha carreira profissional em Portugal e aquela sensação um pouco fatalista de que as coisas teriam tendencia para piorar e não para melhorar no curto e médio-prazo também contribuiram para a minha decisão.  

Porquê a escolha da Inglaterra?
Posso dizer que desde miudo a ideia de poder estudar fora do país sempre me fascinou. A escolha de Inglaterra para emigrar esteve diretamente relacionada com a qualidade do ensino superior e de investigaçao na minha área que é feita cá. Vir viver para Kent não posso dizer que foi uma decisão minha, tendo em conta que concorri a duas bolsas de doutoramento em duas Universidades diferentes mas acabei por ganhar a bolsa da University of Kent.

Como foi o teu principio?
Cheguei a Inglaterra sozinho, em Kent não conhecia praticamente ninguém. A adpatação ao emprego, neste caso à Faculdade, foi bastante fácil, as pessoas foram impecáveis comigo e em poucos dias entrei na rotina. O alojamento foi um pouco complicado porque fiquei na residência académica e não gostei muito de lá ter morado, o ambiente e a relação preço-qualidade não eram os melhores. Tratar de todas as burocracias inerentes à mudança para Inglaterra não foi muito agradável nem rápido, o exemplo máximo disso foi a abertura de conta no banco que demorou quase 6 semanas. 

Qual foi o sentimento dos primeiros dias / meses?
O meu processo de adaptação acho que não foi muito complicado, os primeiros 3 meses foram os mais “chatos”. Nesse periodo as saudades da familia, amigos e das minhas rotinas anteriores apareciam mais frequentemente. Por vezes sentia-me um pouco perdido mas por outro lado todos os dias eram, e acho que por vezes ainda são, uma aventura, o que é bom!
  
Que aspectos positivos/ negativos recordas aquando da mudança?
Aspectos positivos: sentir que de certa forma controlo o meu destino; sentimento de realização profissional; melhores prespectivas futuras.
Aspectos negativos: saudades da familia e amigos; criar um novo grupo de amigos e uma vida social para além do trabalho; burocracias; inverno frio e chuvoso; comida muito pouco saudável.

O que aqui conquistaste corresponde às expectativas que trazias? Em que sentido?
Até agora tem correspondido às minhas expectativas. Em termos profissionais sinto-me mais valorizado aqui do que era em Portugal mas principalmente sinto que se trabalhar e esforçar-me as coisas acabam por acontecer. Aqui a meritocracia parece existir ao contrário do que acontece em Portugal onde é apenas uma palavra bonita.

Avalia de 0 a 10 (sendo 10 a nota máxima positiva) a tua experiência de forma geral.
Acho que entre um 7-8.

De que mais sentes falta?
Sinto mais falta da minha familia e amigos como é obvio. Tenho saudades da nossa comida em particular do peixe e também daqueles almoços em familia que demoram horas. Sinto saudades do sitio onde morava em Vila Nova de Gaia, de ver o mar e sentir o cheiro a maresia quando chegava a casa do trabalho.

De que forma matas a saudade de Portugal?
Via skype e com viagens regulares a Portugal.

Achas-te, como emigrante, responsável pela divulgação da cultura portuguesa?
Acho que sim mas não de uma forma planeada ou muito organizada. No entanto, acho que no meu dia-a-dia vou passando um pouco da nossa cultura e “vendendo” Portugal junto dos meus amigos estrangeiros em Inglaterra.  

Recordando os primeiros tempos de emigrante, recordas algum episódio engraçado que queiras partilhar?
O meu apelido (Magalhães) é uma fonte regular de episódios caricatos em Inglaterra. Em qualquer sitio onde tenha que dizer o meu apelido sei sempre que vai haver confusão! Nunca percebem, por norma tenho que repetir 5 vezes, depois desistem e pedem-me para soletrar e/ou escrever num papel. Mesmo assim muitas vezes enganam-se.
  
Farias tudo de novo ou o que mudarias?
A minha mudança é relativamente recente por isso, até agora, não me arrependo de nada. Se calhar a única coisa que eventualmente poderia mudar era ter tentado emigrar mais cedo.

Voltarias a viver em Portugal?
Sim, mas não a curto-prazo.  

Onde e como te vês daqui a uns 15 ou 20 anos?
Como não faço planos a longo prazo é uma pergunta dificil de responder de forma objetiva. Mas fazendo um esforço para responder, onde, não sei, e profissionalmente gostaria de continuar ligado à investigação e ao mundo académico. 

O que recomendarias a alguém que quisesse emigrar?
Primeiro e mais importante na minha opinião é planear bem antes de se emigrar e se possível ter alguma segurança quanto aquilo que se vai fazer. Ter um nivel razoável da lingua do país para onde se vai emigrar é fundamental também.

Obrigada pela partilha André! Desejamos-te sucesso na conclusão do teu doutoramento.
Código Postal Internacional - BLOG