terça-feira, 7 de julho de 2015

Do que temos saudades ao emigrar?


aqui falámos do quanto nos pode mudar esta experiência de emigrar. Do quanto nos é difícil deixar o nosso país, as pessoas de quem gostamos e os locais que nos marcaram e criaram memórias jamais esquecidas. O tempo ajuda a mentalizarmo-nos, habituarmo-nos e, ao fim e ao cabo, haverá sempre um avião que nos leva até ao outro lado para visitar a família e os amigos quando assim o desejamos e/ou podermos. E as saudades que sentimos das pequenas/ grandes coisas que não encontramos no país que nos acolhe?
Depois de emigrarmos damos por nós a sentir falta de coisas que até aqui não demos importância ou talvez o devido valor. Em conversa com amigos descobri tantas coisas que nos fazem falta e tantas coisas que acabam por entrar na nossa vida talvez para nos lembrarmos das nossas origens ou simplesmente porque só sentimos verdadeira falta quando deixamos de ter ao dispôr, ao alcance da nossa vontade. Resolvi reunir neste texto algumas coisas de que tenho conhecimento que os Portugueses, e neles me incluo, sentem falta quando estam longe do seu país.
  • O mar: o seu cheiro, a sua cor, a sua relação com o azul do céu que define tão bem a linha do horizonte e as esplanadas que nos proporcionam momentos inesqueciveis de contemplação.
  • As praias: a areia fina, as rochas que quebram a nostalgia ou as dunas imóveis cobertas de vegetação rasteira.
  • O sol: a sua luz a iluminar casas, ruas e vidas
  • A gastronomia: temos uma gastronomia tão rica, farta e diversificada que ficaria aqui o dia todo a inumerar os vários pratos de que sinto saudade. Mesmo quando mantemos uma alimentação idêntica dentro das nossas casas, como é o meu caso, nunca é a mesma coisa, a carne não sabe igual, o peixe é caro e raramente fresco, a fruta não tem o mesmo sabor...
  • O pastel de nata: o bolo que provávelmente tem mais adeptos no estrangeiro do que no território nacional. Uma iguaria que passei a gostar mais desde que estou deste lado.
  • O Fado: ganha significado. A sua nostalgia e a sua saudade que tantas vezes é também a nossa, acabamos por nos identificar muito mais com o seu lamento do que nas raras vezes que o ouvimos no país do nosso coração.
  • As confeitarias: o seu cheiro a pão fresco, café acabado de moer e os bolos a sair do forno 
  • O café bem tirado: a menos de um euro e com o açucar a vencer lentamente a sua espuma até imergir por completo.
  • O tempo: o que temos e que tantas vezes não sabemos aproveitar e a falta que ele nos faz aqui, de tão apressado que passa sempre
  • Os piqueniques à beira da estrada e a forma descomplicada e básica de como tudo é preparado.
  • As praias fluviais que nos refrescam a alma quando o mar está mais longe.
E depois há sempre o modo ligeiro como levamos lá a vida e que, se por um lado nos poderá deixar mais felizes e leves, por outro pode ser fatal quando pensamos no futuro. O certo é que antes de emigrarmos tudo era visto como algo adquirido, depois de emigrarmos essa mesma perspectiva muda e damos por nós a sentir saudades do que nunca sentimos falta lá.
E tu? Do que sentes mais saudades? O que valorizas ou gostas mais agora e que antes de emigrares não apreciavas?