quarta-feira, 14 de agosto de 2013

Em prol da cultura portuguesa



Quem me conhece, sabe que não sou de desistir facilmente de uma ideia. Quando emigrei para a Inglaterra, vinha determinada a que os meus filhos continuassem a estudar o português.  
Primeiro porque já falavam e não queria de todo que perdessem a língua materna, depois porque os avós maternos não falam inglês e finalmente porque nunca se sabe o dia de amanhã. A esperança de um dia voltar a Portugal para viver não consta da lista por agora, o futuro a eles caberá, mas neste momento quem educa, guia e sabe o melhor para eles somos nós, os pais. Tantas vezes ouvi este dizer da boca dos meus pais e hoje que sou mãe faz todo o sentido.

Estando a viver na zona de Kent e tendo conhecimento de que não havia escola portuguesa para estas bandas, lancei-me ao desafio e procurei respostas às minhas perguntas. Porque razão não haviam aulas de português em Kent? Há 4 anos atrás liguei para o Consulado de Portugal em Londres e explicaram-me o que poderia fazer para criar as condições necessárias a fim de se colocar um professor de português na área.

Pois bem, havia que reunir um número considerável de crianças portuguesas que vivessem físicamente perto e que fossem descendentes de portugueses e, claro, que quisessem estudar o português. Durante muito tempo tentei localizar portugueses a fim de saber se tinham filhos em idade escolar. Corri as lojas de restauração que me tinham indicado onde haviam portugueses a trabalhar e, por fim, uma amiga que aqui vivia há alguns anos  levou-me a conhecer um café português em Maidstone. Um pouco longe da minha área de residência, mas sempre era mais prático do que ir a Londres. Pois bem, meti-me ao caminho e, com a ajuda do Sr. P., colocámos a informação visível aos  clientes/pais portugueses. Foi uma corrida contra o tempo, as férias de verão estavam à porta e tudo ficaria sem efeito se não conseguíssemos um número considerável de alunos. A ajuda do Sr. P foi imprescindível, o processo seguiu com as inscrições para a Coordenação de Ensino no Estrangeiro em Londres e, em Outubro do mesmo ano, ficaram reunidas todas as condições para a realização de aulas de português em Maidstone.
Apesar de fazer uma viagem de 35-45 minutos de carro na autoestrada para que os meus meninos fossem às aulas de português, sentia-me orgulhosa pela concretização de mais um objectivo.
Perguntam vocês: porque razão as aulas se realizaram lá e não perto da minha residência? A resposta é simples, em Maidstone residia o maior número de alunos.

Este ano de 2013, andei também numa roda viva a tentar reunir alunos mais perto da minha área de residência. Fui informada que teria que ter pelo menos 12 alunos para a criação de uma nova turma de português desta feita em Gravesend. Anunciei na internet, através do facebook em grupos de portugueses na área, solicitei a todos os que conhecia que passassem a palavra entre os amigos. A lista dos alunos foi alcançada, inquérito de preços de aluguer de salas em escolas também, resta agora aguardar até Setembro 2013 por uma resposta, espero que positiva.

É com muita alegria e satisfação que vejo o interesse das crianças umas pelas outras nos corredores da escola  quando aguardam pelo início das aulas. Inclusive, o prazer dos pais em trocar palavras e até a travarem amizades com outros pais. Afinal temos um passado comum, uma mesma origem ainda que com algumas diferenças geográficas, mas acho que quando ouvimos falar português sentimos prazer em expressar-nos na nossa própria língua, somos mais espontâneos uns com os outros e acima de tudo sentimos que Portugal está mais perto.

Este tem sido o meu contributo para a comunidade portuguesa em Kent.

Link útil: http://e-portugues.co.uk/?page_id=1620