quarta-feira, 25 de dezembro de 2013

O meu doce Natal...

Dia 25 de Dezembro, dez e meia da manhã, FELIZ NATAL!!!!

Há uns 30 anos atrás a esta hora já a cozinha da minha avó tinha o chão coberto de papel de embrulho rasgado. Já eu tinha pulado para cima do meu irmão morta para que acordasse porque não queria abrir as prendas sózinha. Já eu tinha feito as honras de pai Natal e distribuido as prendas que o verdadeiro homem das barbas brancas tinha deixado em cada um dos sapatinhos deixados por baixo da chaminé, na noite anterior. Já eu vestia a roupa nova e brincava com os recém chegados sonhos que tinha pedido no meu mais intimo desejo.
Foram assim os meus primeiros Natais e aqueles que mais saudades deixaram. Depois, a minha bisavó fechou os olhos para sempre e a magia perdeu-se um pouco. Mais tarde, o meu avô teve problemas de saúde e, o sol que brilhava todos os Natais, deixou de ser tão quente e os Natais passaram da casa dos avós para a casa dos pais. Já não havia chaminé e não me parece que o pai Natal entrasse pela porta do prédio.


Mas voltando atrás... no primeiro fim-de-semana de inicio das férias escolares lá ía eu passar quinze dias para casa dos meus avós maternos. A árvore de Natal esperava por mim na despensa para ser montada, assim como as figurinhas do presépio. Era assim que passava a semana que antecedia o Natal. Comprando os presentes que queria dar, nas lojinhas que haviam por baixo da casa dos meus avós. Não me esquecia de ninguém, fosse o que fosse, todos tinham uma lembrança minha, mesmo o meu irmão que nunca me dava nada... nesse aspecto, 30 anos depois e pouco mudou... Fazia a árvore de Natal com a ajuda do meu avô e era espectadora assídua na cozinha da avó. 
No dia 24 esperávamos a chegada dos meus pais e irmão que chegavam ao fim do dia queixando-se do imenso trânsito que tinham apanhado na ponte sobre o Tejo. Para minimisar a minha ansiedade eu própria punha a mesa cheia de requintes e perfeição. Na cozinha já havia tacinhas de arroz doce aqui e ali, sonhos, rabanada e o perú já estava no forno. Por fim eles chegavam encasacados e queixosos.
A refeição era feita de forma tranquila e demorada. Quando finalmente nos levantávamos da mesa já era hora de ir para a cama mas... quem é que me convencia a dormir quando a excitação era gigantesca?
A muito custo lá ia eu para o meu canto fingir que fechava os olhos mas na verdade contava carneirinhos, tentava ler... mas nada afastava o meu pensamento que já estava na manhã seguinte. A noite de 24 era passada a contar os minutos e às 7 da manhã eu já achava que tinha esperado o suficiente, mas mais ninguém parecia ter a mesma opinião que eu, o silêncio permanecia e eu revirava-me na cama numa longa e interminável espera.

Trinta anos depois, longe do meu país, a minha adoração por esta quadra festiva mantem-se. No final de Agosto de 2009 pisava eu terras Britânicas na companhia do D., nesse Dezembro já tinha a árvore de Natal montada e a mesma vontade de distribuir as prendas que tinham tomado lugar em redor dela. 
O ano passado foi o primeiro Natal em que a nossa filha mais velha (um ano e 2 meses na altura) participou de forma mais consciente. As prendas foram abertas na manhã de dia 25 e a excitação dela transportou-me para o passado, quase ouvia o riso suave do meu avô. É esta a tradição que procurarei manter, mesmo sabendo que um dia a L. e a C. farão pressão para esperar pela meia-noite porque assim fazem os colegas de escola, a mesma pressão que um dia eu fiz mas que, quando as passei a abrir à meia-noite, quebrou-se a magia e eu cresci.