terça-feira, 3 de dezembro de 2013

Emigrar com os patudos para Inglaterra


Para mim, um animal de estimação faz parte da família. Neste caso concreto falo do meu Freddy (golden cocker spaniel), meu companheiro, na altura com 12 anos. Quando pensei emigrar NUNCA coloquei a hipótese de abandonar o meu fiel amigo.

Informei-me de imediato, do que seria necessário tratar para trazê-lo comigo. Devo dizer que a informação disponível na altura (2008) era pouca, o veterinário também não tinha a certeza de muita coisa. Só sabiam dizer que devia ser caro, que os ingleses eram muito chatos e que seria uma dor de cabeça. Enfim, o pessimismo vinha sempre ao de cima. Mas sou o tipo de pessoa que, quanto mais dizem que não sou capaz, mais força tenho para mostrar o contrário.
Com o marido emigrado na Inglaterra, foi mais fácil recolher informações.
Ficámos a saber que teriamos que colocar um chip, tirar sangue ao cão e pedir o passaporte internacional. As análises de sangue iriam provar que o cão tinha a vacina anual válida. Na altura ainda tivemos que esperar 6 meses de quarentena em Portugal. Na prática víemos primeiro e ele acabou por ficar 7 meses em casa dos meus pais. Ficou com as melhores pessoas possíveis, mas sei que ele sofria de ansiedade, ele de um lado e eu de outro. Emagreceu e andava triste, mesmo com a minha mãe a fazer-lhe arroz com cenoura e galinha, que ele tanto gostava.
Os meses foram passando e eu sentia angústia por não o ter comigo. Pedia a Deus para ele se aguentar até ao dia que eu o fosse buscar. Afligia-me o facto de ele se sentir abandonado. Lembro-me desse dia, como se fosse hoje. Eu ainda não tinha chegado a casa dos meus pais e já ia de lágrima no olho.
Quando lá chegámos, fui direitinha a ele e ele ignorou-me por completo. Estava magoado comigo e com o meu filho mais velho, eramos os mais chegados a ele. Em vez disso, fez muitas festas ao meu marido e à minha filha. Fiquei decepcionada, mas no fundo, e sabendo que eles tem sentimentos e o quanto era apegado a mim, tudo se encaixava. Olhava para mim com um olhar sisudo e de desprezo, no fundo estava a mostrar o quanto eu o tinha desiludido. O meu coração estava partido. Só ao fim de 3 dias é que ele se aproximou de boa vontade. Depois disso, foi um 31 deixá-lo outra vez.
Já na Inglaterra, sugeriram interná-lo para análise de uma situação e eu perguntei se podia ficar, como não pude ficar, expliquei que a saúde dele poderia piorar se sentisse que o estava a abandonar de novo. Eles compreenderam.

Mas o que queria mesmo deixar aqui explicito, é que a lei hoje em dia está menos exigente, já não é preciso período de quarentena. Resumindo, é colocar chip, ter vacinas em dia, tirar passaporte e na hora de viajar, é apenas preciso desparasitar. Para passar a alfândega, a toma do desparasitante tem que ter mais de 24 horas e não pode exceder as 48 horas. Já agora, um último conselho, verifiquem, antes de partir, se consta no passaporte, a data, hora e carimbo do veterinário certificado. Muito importante!! Sem estes 3 registos o animal não entra no Reino Unido.

Se pensam em emigrar, não os abandonem! Não vou dizer que é fácil, mas havendo vontade há sempre solução. Pode não se encontrar à primeira, casa que permita a entrada de animais, mas é tudo uma questão de persistência, porque conheço uma mão cheia de pessoas que trouxeram os seus bichinhos.

Link útil:
https://www.gov.uk/government/publications/bringing-pets-into-the-uk-after-1-january-2012