segunda-feira, 17 de junho de 2013

Primeira visita ao centro de saúde


Pouco tempo após chegar a Inglaterra foi inevitável e prioritário inscrever-me no Centro de Saúde da minha zona de residência. Para além do preenchimento de um formulário foi-me também pedido o comprovativo de morada, pelo que tive de esperar por uma carta do banco onde entretanto tinha aberto conta. Para quem arrenda um quarto em que as despesas de água, luz, gás e council tax estão incluidas o único comprovativo de morada válido é mesmo o extracto bancário. Com ele e com o meu formulário preenchido fiz a dita inscrição no Centro de Sáude onde, de imediato, me marcaram uma consulta com a enfermeira Maria que, vim a descobrir, era Portuguesa.

O dia da consulta chegou e lá fui eu passar alguns minutos na sala de espera (não muitos felizmente). Como eu já imaginava a enfermeira Maria afinal era enfermeira Fátima o que me deu a certeza que, para mal dos meus pecados, iria passar a ser Maria também. Porquê? Porque 70% das mulheres Portuguesas, registadas até aos anos 80 (provávelmente), têm Maria no primeiro nome: Maria da Graça, Maria Teresa, Maria das Dores, Maria do Carmo, Maria Helena, Maria Joana, Maria das Couves and so on... e como aqui só interessa primeiro e último nome... lá perdi eu a minha identidade e passei a ser chamada de Maria, como certamente todas as mulheres da comunidade portuguesa em Inglaterra.
Mas passando esta fase de desabafo de uma Maria que nunca gostou de ser Maria e que se vê obrigada a conviver com uma mudança de nome em tenra idade... desta forma e sem mais delongas, passo a contar a minha mágnifica consulta com a enfermeira Maria.

Portuguesa a viver em Inglaterra há muito tempo, foi tentando falar comigo em Português, mesmo sem eu ter pedido mas por um lado agradecendo, embora já lhe fossem saindo naturalmente algumas palavras inglesas pelo meio das portuguesas. A consulta não foi demorada, pesei-me (escusado dizer que me recusei a olhar para o ponteiro da balança), pediu a altura, doenças graves, doenças nos parentes próximos, filhos, ultimo papanicolau, contraceptivos, bla bla bla e alguma conversa extra pelo meio. Depois explicou como tudo funciona por cá.  

Básicamente é simples e muito idêntico a Portugal, se queres ser bem atendida, que levem a sério as tuas queixas e realmente te curem... vai a um médico privado. A única importante diferença é que, para seres mal atendida, aqui não pagas nada e em Portugal ainda pagas por cima.

Aqui temos direito a consulta de planeamento familiar em que o papanicolau e contracepção são gratuitos, qualquer exame que seja pedido também não se paga, o problema é que por não se pagar dificilmente eles mandam fazer, não há exames de rotina como fazia em Portugal tantas vezes, por isso algum problema que se tenha só será detectado em estado mais avançado, quando realmente os sintomas forem visíveis e não deixarem muitas dúvidas. Pelo que o ideal é mesmo não ficar doente.

Mas voltei para casa com um frasquinho para a urina a entregar quando lá voltasse, o conselho de lá ir passado 2 semanas a uma consulta de planeamento familiar (que é por ordem de chegada pelo que imaginei que iria penar à espera) e quando quisesse podia marcar consultas com a minha médica "de família", o que é sempre bom pois nos últimos tempos já não tinha tal coisa em Portugal, os médicos de família estavam esgotados.

Qualquer dor ou indisposição, é aparecer, caso seja ao Domingo em que o centro está fechado é só ligar que há um médico sempre de plantão.

As receitas são pagas, cada receita custa £7.85, seja qual for o medicamento é esse o valor que pagamos, se for só para dores o melhor é comprar sem receita senão em vez de £3 pagamos as £7.85. Claro que há pessoas isentas e para essas sim, vale a pena ter receita para tudo e mais qualquer coisa.

E foi assim a minha primeira viagem ao mundo da saúde em Londres!